O Parque Natural do Douro Internacional é um parque natural que abrange a área em que o rio Douro constitui a fronteira entre Portugal e Espanha, bem como o rio Águeda, afluente do Douro. Inclui áreas dos municípios de Mogadouro, Miranda do Douro, Freixo de Espada à Cinta e Figueira de Castelo Rodrigo.
Classificado pelo Decreto-Lei nº 8/98, de 11 de Maio.
De rio de águas violentas, o Douro, devido às barragens, fez-se um vasto e tranquilo espelho de água aprisionado entre muralhas a prumo, sendo notório o contraste entre a estreita garganta por onde corre e o ondulado das superfícies adjacentes.
A área do Parque abrange o troço fronteiriço do rio Douro, incluindo o seu vale e superfícies planálticas adjacentes, e prolonga-se para sul através do vale do seu afluente, o rio Águeda, numa extensão de cerca de 120 km.
A parte norte corresponde à zona de menor influência atlântica de Trás-os-Montes, sendo constituída por um extenso planalto, com altitudes que variam entre os 700 e os 800 metros. Aqui, o vale do Douro é bastante encaixado, com margens escarpadas essencialmente graníticas, as “arribas”. À medida que se avança para sul, o vale apresenta-se mais aberto, com fundos de vales aplanados, permanecendo as vertentes escarpadas; há ainda pequenas áreas planálticas e relevos residuais encimados por quartzitos. Esta zona, onde o vale já se assemelha ao “Douro vinhateiro”, caracteriza-se pelo seu microclima, com escassa precipitação e amenas temperaturas invernais, fazendo parte da chamada Terra Quente Transmontana.
A região inclui-se no domínio do carvalhal – bosques de carvalho-negral Quercus pyrenaica e carvalho-cerquinho Quercus faginea, nas zonas de maior altitude e de azinheira Quercus rotundifolia e sobreiro Quercus suber, nos terrenos mais secos. Há zimbrais e lodoais nos vales apertados e em esporões rochosos do Douro e seus afluentes, bosques de amieiros, salgueiros e freixos junto às linhas de água e grandes extensões de giesta Cytisus striatus e esteva Cistus ladanifer.
A atividade agropecuária é extremamente importante na definição da paisagem. A cultura extensiva de cereal cria biótopos estepários, importantes para a avifauna e o mosaico de habitats criado pelos lameiros, vinhedos, olivais, etc., conferem a esta área uma elevada biodiversidade.
A fauna presente neste Parque Natural distingue-se pelo número de espécies e pelo seu estatuto de conservação. Nas aves, o milhafre-real Milvus milvus e o chasco-preto Oenanthe leucura estão Criticamente Em Perigo; o abutre-do-egito Neophron percnopterus, o tartaranhão-caçador Circus pygargus, a águia-real Aquila chrysaetos, a águia-de-bonelli Hieraaetus fasciatus e a gralha-de-bico-vermelho Pyrrhocorax pyrrhocorax estão Em Perigo; a cegonha-preta Ciconia nigra e o falcão-peregrino Falco peregrinus, entre outros, são Vulneráveis. Todas estas aves têm o seu habitat preferencial nas arribas, com exceção do milhafre-real e do tartaranhão-caçador que ocupam o planalto. A albufeira da barragem de Santa Maria de Aguiar, na parte sul do Parque, é a zona húmida mais importante de todo o interior norte e centro para as aves aquáticas, destacando-se a população de mergulhão-de-crista Podiceps cristatus.
Miniopterus schreibersii Morcego-de-peluche – AR Myotis blythii Morcego-rato-pequeno – AR
Morcego-de-peluche Miniopterus schreibersii e morcego-rato-pequeno Myothis blythii (® Ana Raínho).
Quanto aos mamíferos, o morcego-de-ferradura-mediterrânico Rhinolophus euryale e o morcego-rato-pequeno Myothis blythii estão Criticamente Em Perigo; o lobo Canis lupus está Em Perigo; o morcego-de-peluche Miniopterus schreibersii, o rato-de-cabrera Microtus cabrerae, o gato-bravo Felis silvestris, entre outros, são Vulneráveis. No Parque e área envolvente encontram-se alguns abrigos de criação e/ou de hibernação de morcegos cavernícolas com importância nacional.
No grupo dos répteis, o cágado-de-carapaça-estriada Emys orbicularis está Em Perigo e a víbora-cornuda Vipera latastei é Vulnerável.
As casas concentram-se, envoltas por campos cultivados. A floresta é escassa e uma faixa de incultos acompanha o escarpado do rio e seus afluentes. Nas zonas planálticas predomina a cultura de cereais; os lameiros ocupam as zonas mais baixas e húmidas dos vales. Nas arribas, predominam as culturas mediterrânicas – a vinha, o olival, o amendoal, o laranjal. Criam-se raças autóctones de ovelhas, Churra Galega Mirandesa e Churra da Terra Quente, e de gado bovino, vaca Mirandesa. O pombo, abrigado nos tradicionais pombais, faz parte da dieta do agricultor e enriquece a terra.
Fonte: ICNF