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Castelo de Bragança: Um dos mais bem preservados castelos portugueses

O Castelo de Bragança fica situado na freguesia de Santa Maria, no centro histórico da cidade. É naquela cidade transmontana, sede de concelho e de distrito, e à margem do rio Fervença, que se encontra um dos mais importantes e bem preservados castelos portugueses. Do alto dos seus muros, até onde a vista alcança, vê-se a serra de Montesinho, a serra de Sanabria, a serra de Rebordões e a serra de Nogueira.
Este é um castelo de arquitetura militar, em estilo gótico, isolado, erguido a quase 700 metros acima do nível do mar, sendo o limite leste do núcleo urbano de Bragança.
A cerca da vila, adaptada à morfologia do terreno, composta por muralhas aprumadas, com cerca de dois metros de largura, reforçadas por 15 torres ou cubelos, de diferentes formas e normalmente mais altas que as muralhas. Algumas das ameias (aberturas no parapeito das muralhas, por onde os defensores visavam o inimigo) são rasgadas por seteiras retangulares. Interiormente a muralha possui duas portas, em arco de volta perfeita, interligadas pela via estruturante da cidade. A cerca integra ainda, a sudoeste, uma couraça para proteger uma fonte de abastecimento de água, o poço do rei, e, quase a oeste, uma alta torre com faces exteriores de seção semicircular ao centro.
No interior da cerca espalha-se o aglomerado de fundação medieval estruturado pela Rua Fernão o Bravo, com orientação leste/oeste, estabelecendo a comunicação entre as duas portas da muralha, a Porta do Sol, a leste, e a Porta da Vila ou de Santo António, a oeste, que dá acesso ao antigo arrabalde e ao rio. Ali o visitante pode apreciar as edificações do “Domus Municipalis” (exemplar único no país da arquitetura civil românica e que se acredita tenha tido, primitivamente, as funções de cisterna), da Igreja de Santa Maria (ou de Nossa Senhora do Sardão) e o Pelourinho medieval.

Para defesa das suas gentes
Em meados do século X, numa altura em que se tentava repovoar a região de Guimarães com um esforço muito grande nesse sentido sobretudo pelo conde Hermenegildo Gonçalves e sua esposa Mumadona Dias, os domínios de Bragança tinham como senhor um irmão de Hermenegildo: o conde Paio Gonçalves. Posteriormente, o senhorio passou para a posse de um ramo da família Mendes, encontrando-se no domínio de Fernão Mendes de Bragança II, “tenens” da Terra de Chaves e senhor de Bragança, cunhado de D. Afonso Henriques (1143-1185). Considera-se que, nesse período, por razões de defesa, a povoação terá sido transferida para o atual sítio, no outeiro da Benquerença, à margem do rio Fervença, reaproveitando-se os materiais na construção das novas residências e de um castelo para a defesa das gentes.
As informações mais seguras referem entretanto que, pela importância de sua posição estratégica sobre a Galiza, em 1 de junho de 1187 recebeu carta de foral de Sancho I de Portugal (1185-1211), que ordenou o repovoamento e a edificação do castelo no lugar de Benquerença, dando isenções e privilégios aos moradores. Este soberano deixou em testamento, em março de 1188, uma verba para a construção das muralhas de Bragança, empreitada que durou várias décadas. Os conflitos entre este soberano e Afonso IX de Leão levaram a que esta região fosse invadida pelas forças leonesas (1199) até à reação do soberano português.
Afonso II de Portugal (1211-1223) confirmou o foral da vila (1219), e o mesmo fez Afonso III de Portugal (1248-1279), a 20 de maio de 1253. Ainda no reinado deste soberano, as Inquirições de 1258 referem a existência na vila de quatro paróquias: Santa Maria e Santiago intramuros e São João e São Vicente no arrabalde. As terças das igrejas de Santa Maria de Bragança e de Grijó eram para a construção das muralhas de Bragança.
Sob o reinado de Dinis I de Portugal (1279-1325), entre 1261 e 1325, a pedido dos procuradores de Bragança, o soberano contribuiu para a reconstrução das muralhas.
O seu sucessor, Afonso IV de Portugal (1325-1357), ao subir ao trono, confiscou os bens de seu meio-irmão, D. Afonso Sanches (1289-1340), que então residia na vila de Albuquerque. Defendendo os seus interesses, D. Afonso Sanches declarou guerra ao soberano e invadiu Portugal pela fronteira de Bragança, matando quem lhe fizesse frente, saqueando bens e destruindo propriedades. A paz foi acordada, com dificuldade, pela viúva de D. Dinis, a Rainha Santa Isabel.
Posteriormente e já sob o reinado de Fernando I de Portugal (1367-1383), recebeu novas obras. Neste período, por via do forte envolvimento do monarca na disputa sucessória de Castela, no contexto da I Guerra Fernandina (1369-1370), Bragança foi cercada e conquistada pelas forças de Henrique I de Castela, retornando à posse portuguesa apenas mediante a assinatura do Tratado de Alcoutim (1371).
No contexto da afirmação da nova dinastia – a de Avis – teve lugar uma grande campanha de reforço das defesas da cidade, nomeadamente nas torres que ladeiam a porta principal, de planta pentagonal, na chamada “torre do relógio”, com reforços laterais semicirculares, e nos cubelos semicirculares da barbacã do castelo, apenas documentadas em planta por Duarte de Armas (c. 1509).
Em 1401 foi estabelecida a Casa de Bragança pelo casamento de D. Afonso, conde de Barcelos e 1.º duque de Bragança, com D. Beatriz, filha de D. Nuno Álvares Pereira. Em 1409 tiveram início os trabalhos de consolidação das muralhas e a construção de torres, obras que duraram quarenta anos.
Afonso V de Portugal (1438-1481) fez a doação do castelo ao I duque de Bragança (28 de junho de 1449). A pedido de D. Fernando, II duque de Bragança, o soberano concedeu o título de cidade à vila de Bragança no dia 20 de fevereiro de 1464.

Museu histórico militar
O castelo foi classificado como Monumento Nacional por Decreto de 16 de junho de 1910. A partir da década de 1930 a Direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN) iniciou uma extensa intervenção de consolidação e restauro. Foram restauradas e reconstruídas as muralhas, torres e caminhos de ronda, incluíram-se ameias em toda a extensão das muralhas, demoliu-se o quartel oitocentista e vários edifícios contíguos aos muros. E em 1936 foi instalado um museu histórico-militar nas dependências da torre de menagem.
Os trabalhos prosseguiram nas décadas de 1940, 1950 e 1960. Viriam a ser retomados, na segunda metade da década de 1970, com destaque, no início da década de 1980, para as obras de recuperação da torre de menagem, visando requalificá-la para a reinstalação do museu militar. Em 22 de agosto de 2008 a Câmara Municipal de Bragança, atribuiu a medalha Municipal de Mérito ao Museu Militar de Bragança, na comemoração dos 25 anos daquela instituição.

A lenda da Torre da Princesa
No lado norte da cerca existe a chamada Torre da Princesa. A ela está ligada uma lenda que conta que quando Bragança ainda se chamava Benquerença, ali vivia com o seu tio, uma bela princesa. Era pretendida por um nobre mas pobre cavaleiro, que se viu na necessidade de partir em busca de fortuna, prometendo-lhe a princesa esperar pelo seu regresso, para pedir a sua mão a seu tio.
Durante vários anos a princesa recusou todos os seus pretendentes, até que o seu tio a prometeu a um amigo, tentando força-la ao compromisso. Mas a princesa confessou que o seu coração pertencia a outro homem, e que esperava pelo seu regresso. O tio decidiu usar um estratagema e, uma noite, disfarçado de fantasma, penetrou por uma das portas nos aposentos da princesa. Simulando ser o fantasma do jovem, disse-lhe que se não aceitasse casar-se com o novo pretendente, seria uma alma condenada. Mas apesar de ser noite, um raio de sol entrou pela segunda porta e desmascarou o tio. As portas passaram a ser conhecidas como Porta da Traição e Porta do Sol.

O acesso à cidadela realiza-se pela Rua do Santo Condestável e pela Rua da Rainha D. Maria I. No Castelo/torre de menagem localiza-se o Museu Militar de Bragança. Para os nossos leitores que pretendam visitar este local único, podem fazê-lo de terça-feira a domingo, das 9h às 12, da parte da manhã, e das 14h às 17, da parte da tarde. O custo dos bilhetes fica pelos dois euros no caso dos adultos e um euro para crianças e jovens até aos 17 anos e cidadãos acima de 65 anos. Há descontos especiais para famílias, grupos e escolas.

Fonte: Mundo Português

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