Carnaval |O Carnaval de Trás-os-Montes

São várias as tradições de Carnaval, aqui em Trás-os-Montes. 
Cada Aldeia e cada Vila tem os seus costumes e as suas tradições mas, sem sombra de dúvidas, todos festejam da forma mais efusiva o Carnaval.

Começamos pelo Carnaval em Bragança:

O DIABO, A MORTE E A CENSURA DE BRAGANÇA

carnaval bragancaNa Quarta-feira de Cinzas, na zona histórica da cidade, sai à rua o trio de mascarados constituído pela Morte, pelo Diabo e pela Censura.
A personagem da Morte veste então um macacão preto, com um esqueleto desenhado na frente e nas costas. Ostenta uma gadanha e um chicote para vergastar as moças que capturam e os miúdos que os perseguem conforme podem.

O Diabo veste o mesmo tipo de macacão de cor vermelha e um capuz, ligado ao fato, na cabeça. Na cara uma máscara de lata de cor vermelha, com dois cornos ferro, compridos e retorcidos, à semelhança dos cornos de um touro. Nas mãos leva um pau bifurcado na extremidade superior, em jeito de tricórnio. É com ele que atemoriza as pessoas e do qual se serve para escalar muros e forçar portas e janelas das casas onde o trio actuante pretende entrar para capturar as moças.

A Censura usa o mesmo tipo de roupagem que a Morte; o macacão é de cor cinzenta e as pinturas são constituídas por traços formando desenhos pouco explícitos em relação ao que com eles se pretende representar. Poderá isto querer significar que a Censura não representa nenhuma personagem, real ou mitológica, em especial, mas apenas uma entidade superior que aparece para censurar ou repreender as pessoas pelas suas más ações ou os vícios da comunidade.

Como participantes espontâneos, segue o trio um volumoso grupo de miúdos. Seguem o trio por onde quer que ele vá e gritam, como que a desafiá-lo, gritando: “ó morte, ó diabo, ó censura! ou ó morte, ó lagão, ão, ão!” Também as mulheres participam à sua maneira no ritual, saindo à janela ou às varandas e espicaçando-os, apesar do receio que sentem de que lhes entrem em casa.

De seguida viajamos uns quilómetros e vamos até Podence, uma aldeia no Concelho de Macedo de Cavaleiros.

CARNAVAL DE PODENCE

carnaval podenceOs dias festivos são o domingo gordo e a terça-feira de Carnaval. No entanto, o ritual dos “casamentos” ou “contratos de casamento” realiza-se ao início da noite de Sábado e só termina quando a sátira tiver “casado” todas as moças solteiras da terra. Os “caretos” saem à rua no domingo e na terça-feira, percorrem as ruas da sua aldeia e das aldeias vizinhas efectuando os atos de “chocalhar” as mulheres que lhes são característicos. Também na terça-feira são representadas pelas ruas da aldeia as “cerimónias dos casamentos”, organizando-se verdadeiros cortejos nupciais. As Madamas ou Matrafonas são as raparigas que entram neste rito.

Hoje em dia, o programa festivo, organizado pela Casa do Careto, inclui eventos desportivos, musicais e uma feira de produtos regionais.

Vamos, agora, até Vila Nova de Ousilhão, uma aldeia do Concelho de Vinhais.

O CARNAVAL DE VILA BOA DE OUSILHÃO

Os “máscaros” que outrora animavam a Festa de Santo Estêvão saem nos dias de hoje à rua no Domingo Gordo e no Dia de Carnaval. Durante a tarde, a mesa de Santo Estêvão era organizada num espaço ao ar livre. Neste ritual o pároco fazia a cerimónia da transmissão dos poderes das autoridades cessantes para as que iam iniciar funções. Os “máscaros” ou Caretos percorriam as ruas da aldeia e faziam as suas habituais tropelias. O dia terminava com a “galhofa” e um baile tradicional. Os Caretos continuam com os seus rituais, atuam em regra em pequenos grupos que, dispersos por diferentes locais, acabam por tomar conta da aldeia à procura das suas vítimas, as moças solteiras e para diversão do povo.

Um bocadinho mais longe fica Lazarim uma aldeia no Concelho de Lamego:

CARNAVAL LAZARIM

carnaval lazarimO Carnaval de Lazarim centra-se no confronto verbal entre dois grupos sociais, as comadres e os compadres (os rapazes e as raparigas). Estes têm um período de duas semanas para os preparativos: a semana dos compadres e a semana das comadres. Os artesãos de máscaras, pelo contrário, iniciam a sua construção logo após o termo das festividades do ano anterior. Os grupos das comadres e dos compadres entram em cena na terça-feira de Carnaval. A crítica social, que tem como mote a rivalidade entre homens e mulheres, é trazida a público num cortejo hilariante. Terminada a crítica segue-se a queima dos bonecos representativos de personagens de ambos os grupos. Tudo termina em convívio, com comida e bebida e uma grande festa.

E por fim, mas não menos importante, vamos até Vinhais. uma simpática Vila pronta a receber todos aqueles que queiram viver o Carnaval em plena euforia.

A MORTE E OS DIABOS DE VINHAIS

carnaval vinhaisNa quarta-feira de cinzas saem à rua os diabólicos mascarados, chamados Diabos, e a terrífica personagem da Morte. Logo após a meia-noite de terça-feira, os Diabos efectuam a primeira investida contra os foliões que saem dos diversos locais de diversão. Já durante o dia, dezenas de personagens diabólicas saem às ruas da vila atormentando a população, principalmente as raparigas, e fustigando-a sob as vergastadas acutilantes dos seus cinturões. A personagem da Morte, que é única, só sai no próprio dia de Cinzas. Anda sempre acompanhada por um séquito de Diabos e executa rituais que lhe são exclusivos, nos quais recorre a alguns requintes de crueldade na imposição de sacrifícios, penitências e orações às suas vítimas. O povo acompanha toda a movimentação destes personagens e vai-se divertindo com as artimanhas a que, por vezes, eles têm que deitar mão para alcançarem os objetivos a que a tradição lhes exige.

Hoje em dia, a celebração realiza-se no sábado seguinte e contempla uma representação cénica da “revelação do rosto da Morte”.

Fonte: Câmara Municipal Bragança

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