Miranda do Douro e o Parque Natural do Douro Internacional

Miranda do Douro

Miranda do Douro

Atrás dos montes, no Norte de Portugal, mesmo junto a Espanha, encontramos Miranda do Douro, terra distante dos grandes centros urbanos, mas que tem o direito de possuir a segunda língua oficial portuguesa. A cerca de 73 km de Bragança e 56 km de Zamora, cidade espanhola mais próxima, na província de Castilla y León, posiciona-se na margem direita do Rio Douro, que vem desaguar na cidade do Porto, no litoral português.

Historicamente, foi no ano de 1286 que foi elevada a vila. É a partir desse momento que Miranda do Douro começa a ganhar alguma importância em Trás-os-Montes, passando a cidade, em 10 de julho de 1545, no reinado de D. João III e tornando-se na primeira diocese da região. Nessa altura, é capital de Trás-os-Montes, sede do bispado, residência do bispo e outras autoridades eclesiásticas. Com a Guerra dos sete anos, em 1762, é invadida pelo exército de Carlos III, que arruinou grande parte da cidade, para além de ter causado a morte de quase um terço da população que, na altura, seriam aproximadamente 400 pessoas. Consequentemente, em 1764, o bispo D. Frei Aleixo Miranda Henriques muda a sede episcopal para Bragança.

Para chegar a Miranda do Douro temos que atravessar montanhas, desprovidas de autoestradas, rede de comboios e carreiras de autocarro frequentes. Lembre-se que a cidade mais próxima dos mirandeses é espanhola. Zamora fica mais perto que Bragança. Devido ao seu isolamento, Miranda do Douro habituou-se a ser autossuficiente produzindo a sua própria roupa e alimentos.

O centro histórico é rodeado por ruelas com candeeiros de ferro forjado e por lojas do comércio local. Na praça D. João III, mesmo ao lado do Museu das Terras de Miranda, assenta uma escultura de António Nobre, que presta uma homenagem às gentes do campo da Terra de Miranda. Os principais estabelecimentos hoteleiros localizam-se mesmo à entrada do centro histórico.

Para aqueles que viajam até Miranda do Douro, a atração principal é o Parque Natural do Douro Internacional, que tem mais de 130 km, de natureza preservada e estimada, com fauna, flora e espécie animal únicas no país e em algumas partes do mundo.
Para chegar à estação ambiental, que realiza cruzeiros todos os dias, tem que sair do centro de Miranda e descer, descer, descer muito até ao estacionamento, em território português, de uma empresa de cruzeiros espanhola que mistura funcionários espanhóis e portugueses, trabalhadores que, por sua vez, dominam o castelhano, o mirandês e o português. Infelizmente, os passageiros são maioritariamente espanhóis.

Viagem de barco no Douro Internacional

Viagem de barco no Douro Internacional

Circular num barco transparente no Rio Douro entre as margens de Portugal e Espanha é um dos passeios que não deve perder. As paisagens são deslumbrantes, com montanhas escarpadas, que se chamam arribas, algumas com mais de 200 metros. E se pensa que é um simples passeio de barco, engana-se, metade da viagem é acompanhada por um guia que fala sobre a fauna e animais que por ali vivem. No Parque Natural do Douro Internacional encontram-se espécies raras e em vias de extinção como a cegonha preta, o grifo, a águia-real, a águia de bonneli, o milhafre-real e o abutre do Egito.

 

Arribas

Arribas

Fazem-se também algumas paragens para observar pormenores e alguns animais. Sempre com respeito e silêncio para preservar o ambiente em que as espécies vivem. Na parte restante da viagem pode desfrutar sozinho as paisagens, subir aos convés do barco ou ao andar superior, deixar o vento deslizar sobre si e simplesmente admirar com toda a calma a natureza.

 

No fim da viagem há um vinho do Porto para degustar e um espetáculo de aves de rapina para ver. Depois disto, o melhor é ir jantar num dos restaurantes do centro da cidade.Um dos pratos mais típicos da terra e conhecido por todo o Portugal é a posta à mirandesa, um considerável naco de carne de vitela mirandesa, mal passado, tenro e saboroso, normalmente acompanhado com batata cozida com casca, legumes e um bom vinho do Douro.

Além dos pratos típicos, uma das tradições mais conhecidas de Miranda do Douro é a Dança dos Pauliteiros, um grupo de 8 homens, que dançam com paus e castanholas, acompanhados ao som de gaitas de foles, bombardinos e flautas. A sua origem não está na cidade de Miranda, mas em grupos localizados em aldeias próximas, pertencentes ao concelho. As gaitas de foles são feitas pelos artesãos locais com pelos de animais, madeira e palheta.

Quando se fala em Miranda do Douro não se pode esquecer o famoso burro, animal que abunda e é estimado. Consegue transportar cerca de 30 a 40 kg, a uma velocidade de 3, 4 km por hora. Por dia é capaz de percorrer cerca de 15 km. Através da A.E.P.G.A (Associação para o Estudo e Proteção do Gado Asinino) podemos passear de burro pelos montes. Há vários tipos de passeios à escolha: de curta duração, de longa duração e com vários graus de dificuldade.
Devido à sua situação geográfica, o clima em Miranda é muito característico, com Invernos muito longos e severos e verãos curtos e extremos. Como diz um provérbio popular “Em Miranda há nove meses de inverno e três de Inferno”.

Quando regressar do seu passeio por Miranda do Douro terá com certeza fotografias que valem como autênticos postais e terá consciência de que Portugal é vasto e rico em natureza e tradições. E se, por acaso, perguntar a um mirandês onde fica o centro, a estação ambiental ou um caminho a seguir, pode ser que lhe respondam em mirandês e sentirá que, afinal está “lá fora”, nem bem em Portugal, nem bem em Espanha.

Fonte: Mundo em Viagem

Imagens: (Mundo em Viagem e Memórias e outras coisas)

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